terça-feira, 3 de setembro de 2019

Autorretrato


Eu me apresento como um corpo em busca de uma conexão apesar de sentir-se conectado. A mente que flutua como partículas de oxigênio - ou outros gases nobres. Volátil em essência, porém capaz de estabelecer uma rede energética de neurônios que se comunicam através de espasmos. Por outro lado, raízes, rizomas, uma energia densa que me prende ao chão. Um peso que me permite voar, mas sempre retornar. É essa conexão com a terra sob meus pés que me impele a olhar para a energia sutil dispersa no ambiente ao redor. Porém como equilibrar-se, como fluir entre energias de densidades tão diferentes sem nunca desconectar-se da outra? Meu desafio está nesse entre. Nas bordas, nos limites, na delimitação, na criação de canais energéticos, pontes entre ilhas aparentemente desconexas. Em um constante deslocamento. Em um não-lugar. Em um sentir-se sempre fora, sem se encaixar, sem se identificar. Mas ao mesmo tempo estar, ocupar, fluir, deslocar-se, literalmente ser nessa utopia de predefinições oníricas de um inconsciente coletivo delirante.