sexta-feira, 23 de abril de 2010

De Aristóteles a Leibniz até os dias de hoje...




“No início não havia nada e então o homem fez surgir a luz”. A luz de que se fala aqui é, lógico, meramente poética e refere-se ao conhecimento construído ao logo dos tempos pela humanidade. Primeiro, todo o conhecimento existente estava concentrado numa única e abrangente entidade misteriosa: a filosofia. Antes de Cristo, a matemática, a lógica, a astronomia e até a medicina, tudo era filosofia, mas à medida em que crescia o conhecimento acumulado pelo homem, surgia a necessidade de dividir essa grande confusão em pedaços menores. Aliás, foi justamente por causa da necessidade aliada à enorme curiosidade inerente ao ser humano que foi moldada a ciência como a conhecemos nos dias de hoje. E, apesar da “viagem filosófica” de Aristóteles, muitos dos fatos por ele observados e documentados foram bastante importantes para o surgimento e consolidação da ciência ocidental. Só para se ter uma ideia, a obra de Aristóteles influenciou a religião, a política, a matemática, a biologia e até as artes!

Já bastante tempo depois do nascimento de Cristo, Leibniz, outro “faz-tudo desocupado” da história da humanidade, traz a ideia da enciclopédia, baseado no pensamento de Lull, Coménio e Bacon. Segundo Leibniz, “(...) Lull, ao lado de Aristóteles, Galileu, Kepler, Descartes e Spinoza, estão na lista dos pensadores que o precederam na busca de um sistema não matemático de demonstração”. Basicamente, Leibniz tinha a pretensão de centralizar um conjunto de princípios universais que fossem capazes de expressar todas as ligações possíveis entre dois conceitos e não só isso, mas que também fossem capazes de produzir novos conhecimentos. Assim como Bacon, Leibniz acreditava que as enciclopédias seriam essas tais “centralizadoras do conhecimento humano” e que, portanto, deviam ser projetos coletivos e abertos.

De Aristóteles a Leibniz, passaram-se cerca de dois mil anos, mas, apesar de a ciência ter avançado muito graças às contribuições de diversos filósofos e cientistas (dos mais lembrados, aos mais esquecidos), um aspecto nunca foi deixado de lado: a vontade de acumular conhecimento. Hoje, vemos que a pretensão de Leibniz foi, na verdade, uma predição do futuro, pois a ideia de ter o conhecimento sendo difundido e compartilhado dentro de uma rede coletiva e aberta é bastante atual, diga-se de passagem. O mundo vive a era da Wikipédia (a enciclopédia livre), dos softwares de código aberto e das redes sociais, enfim, vivemos no mundo do compartilhamento de informações. Assim, apoiada pelas ideias de Aristóteles e empurrada pela pretensão de Leibniz, a humanidade cumpre o seu legado.